Semana passada, uma loja de departamentos anunciou que planeja abrir um banco próprio em 2009. Por que motivo uma loja de departamentos, quer abrir um banco? Um negócio que parece distante do seu nicho de mercado e do seu foco?
É aí que entram em cena alguns ingredientes interessantes da nossa economia e do próprio povo brasileiro. Com a crise mundial, os Bancos Centrais de todo o mundo baixaram as suas taxas de juros para dar mais liquidez ao mercado e facilitar o crédito. O BC brasileiro não baixou. Deixou tudo como estava. Ou seja, continuamos, cada vez mais, campeões mundiais da taxa real de juros, com nossos 13,75% de juros ao ano. Quem ganha com a taxa alta? Os bancos. E há alguns anos os maiores bancos brasileiros, privados e estatais, vem registrando recordes de lucros. Deve ser um bom negócio ter um banco.
O outro ingrediente dessa história é o próprio consumidor. Os brasileiros são muito bons em pesquisar e comparar preços. Em correr atrás do menor preço entre as várias lojas concorrentes. Em compensação, são bem fracos na hora de calcular os juros embutidos nos financiamentos. Se o país já é ruim em matemática no geral, a educação financeira praticamente não existe. A maioria das pessoas não se interessa em saber quanto vai pagar a mais para parcelar o produto. Se a prestação da casa, do carro, do eletrônico ou da roupa “for do tamanho do bolso”, o problema está resolvido.
O que nos leva de novo ao banco da loja de departamentos. No Brasil de hoje, a regra mais básica do capitalismo já mudou em alguns setores. O grande negócio não é mais comprar por R$ 1 e vender por R$ 2. Mas sim, vender por R$ 2 e fazer o consumidor pagar R$ 3, ou R$ 3,5, ou onde os juros levarem. Em alguns negócios, o produto físico, a mercadoria, virou apenas a cenoura que vai atrair o consumidor para o verdadeiro pote de ouro: o financiamento.
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
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