O que fez o Governo Brasileiro ficar tão confiante na blindagem da economia brasileira logo que a crise mundial começou? Além dos U$ 200 bilhões em reservas, grande parte dessa coragem se deve ao aumento do consumo interno da nossa população. As classes CD definitivamente entraram no mercado. E os próprios brasileiros estão comprando a produção brasileira. O mercado consumidor forte manteria a nossa economia funcionando.
Aproveitando a boa maré na economia mundial antes da crise, o crédito fácil e baixa na taxa de juros para financiamentos de bens duráveis como carros e casas, os brasileiros estavam consumindo como nunca. Muitas pessoas resolveram surfar a onda de bonança e assumir vários financiamentos e prestações para realizar seus sonhos. Segundo o Banrisul, o número de cotas de seus consórcios de imóveis e automóveis aumento 240% de janeiro e outubro em relação ao mesmo período do ano passado, o que comprova a sede com que as pessoas foram ao pote. Mas com o aperto no crédito que a crise mundial já está provocando, o consumo interno pode despencar. E muito.
Infelizmente, alguns números já começam a surgir. Segundo a Fenabrave, a venda de carros 0km caiu 11,58% de setembro para outubro. A inadimplência aumentou 4,9% de setembro para outubro e 6,9% em comparação com setembro de 2007, de acordo com levantamento da Serasa. O consumidor mostra que está mais inseguro em relação a crise mundial. E o dinheiro já está faltando para pagar as contas.
Mas, o que torna essa situação mais delicada é um velho e mau hábito brasileiro. Segundo a recente pesquisa Consumer Watch, do Latin Panel, 74% dos brasileiros não poupam nada da sua renda. E dos que poupam, 26% conseguem economizar menos de 10% do que ganham. O país tem suas reservas cambiais para agüentar o momento de vacas magras. Mas o brasileiro, não tem este colchão. O resultado de uma crise mundial + consumidores endividados e sem poupança para pagar as suas dívidas ou cobrir um eventual contratempo deixa o cenário não muito otimista.
Tudo o que o Brasil não precisa é uma diminuição das suas exportações somada com a diminuição do consumo interno. Isso simplesmente travaria não só a economia como o próprio país. É por isso que vemos o presidente Lula e o Ministro Guido Mantega apelando veementemente para a população continuar consumindo.
O Governo já está atuando para liberar linhas de crédito e não deixar a economia travar. Mas o alívio só viria mesmo com a melhora no cenário externo. A crise mundial, apesar de séria e real, tem alguns fatores psicológicos também. O melhor que se pode fazer é torcer para que as primeiras propostas econômicas do presidente Obama sejam consistentes e animem o mercado em janeiro. Até lá, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.
terça-feira, 18 de novembro de 2008
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