Apesar dos japoneses terem comprado a maior parte dos estúdios de cinema norte-americanos nos anos 90, Hollywood continua sendo uma arma muito poderosa na propagação da cultura do povo estadunidense e do "american way of life" pelo mundo. Além do entretenimento, os filmes são uma interessante janela, que nos permite enxergar, mesmo através dos clichês e exageros, um pouco do pensamento e do modus operandi da nação dominante do Ocidente.
Nesta terça, sem querer, vi na TV um filme que ajuda a enxergar uma parte do quebra-cabeça que levou aos acontecimentos da ainda recente e quente ofensiva de Israel na Faixa de Gaza. (O governo israelense não é o governo americano, mas ambos são aliados de longa data e parecem ter mais em comum além do mesmo inimigo, o extremismo islâmico.) Regras do Jogo - Rules of engagement, lançado em 2000 - começa com uma revolta no Iêmem, país muçulmano do Oriente Médio. Um protesto de populares acontece em frente à embaixada dos Estados Unidos, que logo se transforma em um ataque, com "terroristas" atirando com seus kalashinikovs contra a embaixada. O embaixador pede ajuda dos mariners, que chegam de helicóptero para resgatá-lo e conter o conflito. Os soldados são recebidos à bala, vindas de atiradores do alto de prédios e também de terroristas infiltrados no meio da multidão. Quando o terceiro oficial do Tio Sam é morto, o Coronel ordena que os mariners ataquem a multidão. Resultado da ação defensiva: 80 iemenitas mortos, entre mulheres, velhos e crianças. Isso lembra alguma coisa?
A segunda parte do filme é o tradicional tribunal, com o governo querendo condenar rapidamente o Coronel para acalmar os aliados árabes. O advogado de defesa, um velho amigo fracassado e pronto para se aposentar, resolve fazer o dever de casa e descobrir o que realmente aconteceu, para fazer um julgamento justo. Não vou contar o final do filme, mas quem já está acostumado com o cinemão hollywoodiano já deve imaginar o desfecho.
Apesar da defesa ser uma atitude justificada, já que a embaixada norte-ameircana estava sob fogo inimigo, o coronel escolheu, entre todas as possibilidades, a alternativa de contra-ataque mais extrema e brutal para vencer o inimigo. Na luta contra o mal, a "lógica da guerra" hollywoodiana admite que a vida de civis, mulheres e crianças inclusive, seja tirada para se atingir um objetivo maior. Parece que, infelizmente, o maniqueísmo preto-no-branco-bem-contra-o-mal artificial do cinema encontrou eco no mundo real. E com a triste constatação que, mais uma vez, a vida superou a arte.
Nesta terça, sem querer, vi na TV um filme que ajuda a enxergar uma parte do quebra-cabeça que levou aos acontecimentos da ainda recente e quente ofensiva de Israel na Faixa de Gaza. (O governo israelense não é o governo americano, mas ambos são aliados de longa data e parecem ter mais em comum além do mesmo inimigo, o extremismo islâmico.) Regras do Jogo - Rules of engagement, lançado em 2000 - começa com uma revolta no Iêmem, país muçulmano do Oriente Médio. Um protesto de populares acontece em frente à embaixada dos Estados Unidos, que logo se transforma em um ataque, com "terroristas" atirando com seus kalashinikovs contra a embaixada. O embaixador pede ajuda dos mariners, que chegam de helicóptero para resgatá-lo e conter o conflito. Os soldados são recebidos à bala, vindas de atiradores do alto de prédios e também de terroristas infiltrados no meio da multidão. Quando o terceiro oficial do Tio Sam é morto, o Coronel ordena que os mariners ataquem a multidão. Resultado da ação defensiva: 80 iemenitas mortos, entre mulheres, velhos e crianças. Isso lembra alguma coisa?
A segunda parte do filme é o tradicional tribunal, com o governo querendo condenar rapidamente o Coronel para acalmar os aliados árabes. O advogado de defesa, um velho amigo fracassado e pronto para se aposentar, resolve fazer o dever de casa e descobrir o que realmente aconteceu, para fazer um julgamento justo. Não vou contar o final do filme, mas quem já está acostumado com o cinemão hollywoodiano já deve imaginar o desfecho.
Apesar da defesa ser uma atitude justificada, já que a embaixada norte-ameircana estava sob fogo inimigo, o coronel escolheu, entre todas as possibilidades, a alternativa de contra-ataque mais extrema e brutal para vencer o inimigo. Na luta contra o mal, a "lógica da guerra" hollywoodiana admite que a vida de civis, mulheres e crianças inclusive, seja tirada para se atingir um objetivo maior. Parece que, infelizmente, o maniqueísmo preto-no-branco-bem-contra-o-mal artificial do cinema encontrou eco no mundo real. E com a triste constatação que, mais uma vez, a vida superou a arte.